“Sente-se direito”, “mantenha as costas eretas”, “abra o peito”. Crescemos ouvindo instruções como estas na escola, nas academias de ginástica e em casa, o que leva a uma crença profundamente arraigada que má postura leva a dores nas costas e doenças. Não há, entretanto, evidências científicas que sugiram a existência de uma postura perfeita.
Realizar mudanças posturais, explorando o movimento em toda sua magnitude, é muito mais eficiente na prevenção de dores nas costas que estratégias que insinuam a permanência de uma postura rígida, estática ou “correta”.
A diminuição de dores inespecíficas da coluna relaciona-se, precisamente, à dificuldade em relaxar a musculatura postural. Culturalmente, a má postura está ligada a desleixo, desinteresse e desânimo o que se configura em um obstáculo ao exercício de mudanças posturais.
É preciso ter conhecimento sobre a imensa variabilidade anatômica das curvas normais da coluna entre as pessoas. Submeter indivíduos diferentes a exigências que fisicamente nunca serão capazes de fazer é uma agressão, subestimar sua capacidade de explorar seu potencial é negligência.
Flexionar e estender a coluna é muito bom para as articulações intervertebrais, mas existe muito medo que isso possa machucar as costas. O senso comum recai mais uma vez sobre a prerrogativa de que a extensão da coluna deva ser mantida independente da postura e da exigência funcional que se faz sobre o corpo em determinado momento. Já as pesquisas baseadas em evidências apontam precisamente o contrário.
Se dobramos exageradamente a coluna para frente e para trás para realizar um trabalho que deveria ser responsabilidade dos quadris e pernas, por exemplo, o problema definitivamente não é da coluna. Recalcular novos padrões de movimento e permitir que a musculatura da coluna não responda pela fraqueza dos músculos da pelve e membros inferiores é uma maneira realmente útil de ajudar a maioria das pessoas com dores nas costas a melhorar sua condição.
Uma postura específica não faz sentido. Uma variedade de posturas faz muito sentido. Criar variabilidade de movimento é realmente mais sensato do que sentar-se direito .