Yoga Pretzels, de Tara Guber e Leah Kalish. Ilustração Sophie Fatus
Quando praticamos um movimento, buscando deixá-lo mais preciso e objetivo, aumentamos a área cerebral implicada em sua execução. Isso quer dizer que nosso envolvimento com o movimento será tão mais profundo quanto mais intensa tiver sido nossa experiência ao realizá-lo.
Se a experiência na realização dos movimentos leva ao aumento da área do cérebro usada em sua execução, a dor crônica, por outro lado, pode estar implicada no baixo engajamento das regiões cerebrais relacionadas ao local da dor durante o movimento.
Alteração na área do sinal do cérebro em dores crônicas nos joelhos (síndrome patelofemural). Dor crônica (PFP) x sem dor (control). TE, Maxine et al. Primary motor cortex organization is altered in persistent patellofemoral pain. Pain Medicine, v. 18, n. 11, p. 2224-2234, 2017
O aumento da área cerebral envolvida no movimento pode acontecer pelo aprimoramento do gesto através de seu treinamento, pela exploração consciente do movimento ou a partir da expansão de seu significado subjetivo, suscitando imagens relacionadas direta ou metaforicamente ao gesto – seu significante.
Yoga Pretzels, de Tara Guber e Leah Kalish. Ilustração Sophie Fatus
A representação do gesto forma a matéria-prima que irá constituir a consciência sobre nós mesmos, a imagem que fazemos de nosso corpo e consequentemente do ambiente em que estamos inseridos.
“O corpo é, em primeiro lugar, o meio de toda percepção” (Husserl) e irá fornecer a matéria-prima para o desenvolvimento da consciência.
Realizar o movimento de maneira consciente, estabelecendo conexões entre as diversas partes do corpo envolvidas em sua execução e suscitando imagens pertinentes ao gesto estimula a descoberta e torna o movimento uma importante via de acesso para o autoconhecimento e tratamento de disfunções motoras.
From The Human Body, 1959, illustrations by Cornelius De Witt
O aumento do repertório motor nasce dessa intervenção no ambiente. Somos, portanto, resultado de nossa ação no espaço e não uma folha em branco que registra passivamente tudo o que percebe.