Lasser Skarbovik para The New Yorker
“A alegria é um sonho, a dor é real”
Arthur Schopenhauer.
Aprender passa pelo corpo. Mesmo os conceitos mais abstratos ou as deduções mais hipotéticas edificam-se a partir de pequenas peças de estímulos sensoriais e motores que nascem da interação do corpo no espaço.
Desta maneira, a inteligência não pode ser amputada da estrutura anatômica e morfológica que nos constitui, uma vez que é esta mesma estrutura a responsável pela maneira que percebemos o que percebemos.
Lasser Skarbovik para Smith Alumnaue Quarterly
Ainda que sejamos capazes de refletir de maneira livre e independente do mundo sensorial, manipulando habilmente signos ligados a uma realidade distante, não é possível separar em nenhum momento o constructo mental de nosso organismo. O corpo é a caixa de ressonância que confirma, molda ou nega o conhecimento adquirido.
Diferente, porém, das especulações imaginárias e suposições generalistas criadas pela inteligência, o corpo desgasta-se, perde agilidade, sente as intempéries do meio. O corpo sofre e a inteligência perde a lealdade de seu fiel interlocutor.
Utskrift de Lasser Skarbovik
Não se trata de envelhecimento. Tão pouco são fatores genéticos ou ambientais os responsáveis pela degradação do corpo e do conseqüente comprometimento cognitivo. É o sofrimento e mais precisamente, a fuga da dor que, antes de qualquer coisa, molda o corpo e interfere na maneira como percebemos a realidade.
Ao menor sinal de desconforto, deformamos, trapaceamos, sobrecarregamos estruturas em detrimento de outras, produzimos compensações e desequilíbrios. Estamos dispostos a tudo para fugir da dor e, frequentemente, pagamos um preço alto pelo nosso conforto.
Entendemos equivocadamente a dor como algo a ser extirpado a qualquer custo e não medimos esforços para atingir este objetivo. A dor é o mais soberbo e presunçoso indício de que estamos errados e isso nos irrita. Não estamos, afinal, habituados a aceitar os próprios erros com condescendência.
Free Drawing de Lasser Skarbovik
A dor deve ser ouvida antes de contestada. Suas árduas palavras buscam desobstruir vias da percepção e devolver a fluência ao movimento, restituindo à inteligência a fidelidade do corpo.
A dor surge para por fim à dor.
O corpo entrevado não interage , não assimila, não aprende. O ser vivo requer liberdade de movimento para existir como tal.
Bom dia!
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Gostei do que li e é assim também o meu pensamento.
Abraço!
Grata, Fran.
Oi! Gosto muito do que escrevem, parabéns! Bjus namastê
A dor como também diz Iyengar, está ali para nos ensinar, porque a vida é repleta de dor e é o nosso guru. Assim como nos entregamos alegremente aos prazeres, devemos também aprender a não ficar infelizes quando a dor surge, encontrando conforto mesmo no desconforto. Superando a dor assumimos uma atitude espiritual perante a yoga e perante a vida.
Já estou esperando o próximo texto.
Obrigada
Namastê!