Robôs Sonham com Colheres Elétricas.

Prolongamento exposto do sistema nervoso no espaço, a mão liga o cérebro ao mundo e ensina nossa percepção a respeito do volume, distância, textura e temperatura das coisas, ao mesmo tempo em que põem em prática nossos sonhos e projetos de vida. Como palavras, as mãos têm o poder de manifestar nossas reflexões mais subjetivas e materializar as idéias mais abstratas.

Andromeda de Auguste Rodin

A precisão, a abundância de movimentos e a riqueza funcional da mão associadas à inteligência humana têm o poder de interferir agudamente em nosso habitat, tornando o mundo em que vivemos um mundo ‘feito a mão’ pelo homem. A inteligência não é a grande vantagem adaptativa do ser humano na natureza. Sem as mãos, a inteligência tagarelaria sozinha sobre um oceano de estímulos e impulsos. O binômio córtex superior- polegar opositor é o grande ator de nossa ingerência no mundo e o que distingue a nossa história na Terra das demais espécies.

Alterando sua forma, a mão facilmente se adapta à superfície de um objeto, identificando-o mesmo sem a necessidade de recorrer à visão. Nossa precisão tátil não apenas sente o estímulo, mas tem a faculdade de transformá-lo rapidamente em percepção e, consequentemente, em conhecimento.

Para atender a uma ordem do cérebro, as mãos solicitam com freqüência as articulações dos punhos, cotovelos e ombros, tornando o membro superior um conjunto funcional único.

Tendões extensores dos dedos das mãos. Google Bodybrowser.

Os tendões que fecham e abrem as mãos são longas alavancas musculares que se estendem dos cotovelos até os punhos. Os músculos que estabilizam o cotovelo, por sua vez, começam no ombro e ligam o braço ao tronco. Assim, as mãos organizam o movimento de todo o cíngulo superior e posiciona nosso corpo de modo a obter a maior eficiência possível no desempenho de suas funções.

A falta de precisão configurada pelos longos braços de alavanca (tendões) característicos da musculatura extrínseca das mãos é compensada pela independência dos pequenos músculos interósseos e lumbricais entre os dedos. Temos, enfim, a combinação única entre força e precisão que define nossas mãos.

Atitudes viciosas que não podem ser detectadas habitualmente são francamente expostas durante a execução de posturas de Yoga.

Marcas da mão contra superfície plana.

Quando nos apoiamos com as mãos no chão, por exemplo, podemos sentir com exatidão os pontos que tocam o solo com mais intensidade e aqueles que mal roçam a superfície. Se a adaptabilidade da mão a um objeto é imperativa, sua inaptidão irá necessariamente exigir compensações e abrir espaço para acochambrações nem sempre desejáveis que, com o tempo, podem resultar em patologias nos ombros (mais freqüentes).

Detalhe de mãos em bakasana ou adhomoukha vriksasana (parada de mãos), com encurtamento dos extensores dos dedos.

Quando praticamos posturas de equilíbrio sobre os braços (arm balances) é bacana notar como nossas mãos respondem às exigências das posturas. Desequilíbrios entre extensores e flexores da mão tendem a tirar os dedos do chão quando mais precisamos deles. Isso aumenta a pressão sobre os canais e sulcos na base das mãos, diminuindo o espaço pelos quais passam os tendões e nervos com destino às pontas dos dedos, colocando em risco a vitalidade das mãos.


Detalhe dos cotovelos em Adhmoukha Svanasana com mãos bem abertas, mas cotovelos dobrados em função do encurtamento dos extensores dos dedos.

Usar os interósseos e flexores para corrigir este problema é fundamental para estender completamente os dedos e distribuir o peso do corpo sobre toda a superfície das mãos. Músculos hipertrofiados do antebraço, neste caso, tendem a dobrar os cotovelos. O tríceps do braço deve ser requisitado para alinhar os braços e corrigir a postura.


Adhmoukha Svanasana com braços e mão estendidas.

De modo geral, a prática de Yoga exige maior amplitude de movimento em segmentos do corpo naturalmente rígidos e fortes, como as pernas e as articulações do quadril, ao mesmo tempo em que propõe o fortalecimento de estruturas que contam com mobilidade inata, como as mãos e os ombros. Desta maneira, a prática de Yoga recruta nossas características inatas e leva o equilíbrio entre estabilidade e força a um novo patamar.

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