Tradicionalmente adotado em aulas de Yoga e empregado como valioso recurso terapêutico, o movimento rotacional da coluna vertebral está virtualmente ligado a qualquer movimento do tronco.
A torção Ardhamatsyendrasana consta no Hatha Yoga Pradipika do sec. XV. Foto T. Krishnamacharya, 1941
Quando a coluna gira, também inclina para o lado e vice-versa, realizando sempre um movimento composto, combinando eixos de rotação com os de flexão lateral. Isso acontece por causa da compressão dos discos, da tensão dos ligamentos e da disposição das facetas articulares, que deslizam umas sobre as outras durante as torções. De modo geral, o corpo da vértebra gira para o lado da convexidade da inclinação, enquanto a espinha gira para o lado oposto. Essa combinação entre inclinação e rotação é inseparável e pode ser explorada para atingir fins específicos.
6ª. vértebra toráxica
Durante a rotação da coluna lombar é promovida uma descompressão das facetas articulares do lado oposto, criando um efeito terapêutico favorável.
Quando a rotação é aplicada à coluna, um torque no sentido oposto ao da rotação é exercido sobre as lamelas de fibras colágenas que compõe os discos intervertebrais, alongando-as de um lado e relaxando as fibras do outro. Assim, a rotação pode reduzir a deformação sofrida pelos discos de colágeno e sua associação com as terminações nociceptivas é desfeita.
Em princípio, estes movimentos normalizam determinado segmento da coluna, diminuem a flexão exagerada compensatória e, consequentemente, centralizam os sintomas periféricos de dores neurogênicas e nociceptivas. Desde que adotadas corretamente, essas técnicas podem ser aplicadas em portadores de herniação do disco pulposo, extrusão discal e radicolopatias. Hoje em dia, entretanto, o tratamento destas doenças focaliza os sintomas mais do que a correção da disfunção que originou o problema, podendo torná-lo crônico.
Jathara Parivartanasana com suporte. Não há consenso sobre a amplitude total da rotação da coluna.
Muitas posturas de Yoga exploram a rotação da coluna em ásanas em pé, deitados e sentados, tanto no sentido crânio-sacral quanto oposto, espelhando uma gama de atividades funcionais ímpar, cujos benefícios se colocam além da histamina e do controle do corpo.
A coluna vertebral, em seu conjunto, resume a individualidade do movimento e condutas padronizadas, por dogma ou falta de conhecimento, podem exacerbar ou agravar desequilíbrios. As curvas da coluna, fisiológicas ou patológicas, devem ser consideradas e a falta de simetria exige soluções assimétricas e suporte apropriado. Em muitos casos, a dor significa que o limite não foi apenas atingido, mas excedido.
Dois segmentos lombares de indivíduos diferentes expõe a diversidade da estrutura. Foto de Joe Dully para Paul Grilley